Nós, da Assembleia do Largo, reunidos na rua, gostaríamos de compartilhar nossa visão: entendemos a rua como sendo um espaço incontrolável. A rua sempre foi e sempre será um espaço de interseções de indivíduos e coletivos, com tesão irreprimível e não gerenciável, a caminho da construção de uma democracia real e de liberdades.

A Assembleia do Largo é um instrumento de alinhamento, comunicação e construção plural, utilizado por ativistas e coletivos dos mais variados movimentos sociais. O nosso método atende à lógica que deve preponderar em todo organismo e espaço que se proclama horizontal, ou seja, todxs podem falar, todxs devem ouvir e as propostas são debatidas objetivando e valorizando a síntese criativa que é o processo de construção de consensos.

Desde a explosão das intensas mobilizações de junho, a Assembleia do Largo entende e afirma que a demanda popular é por algo novo, diferente da velha política instituída, onde as velhas práticas centralizadoras e a ilusão da representatividade colocam a participação popular abaixo de seus próprios interesses e comprometem violentamente a plenitude de um processo democrático.

Vivemos o processo de construção de um espaço livre de opressão, onde qualquer pessoa, independente de onde venha e seja quem for, desde que não corrobore com ideias opressoras e preconceituosas (sexistas, homofóbicas, racistas, autoritárias, etc.), pode contribuir e participar ativamente, de maneira que suas especificidades sejam respeitadas e garantidas pelo coletivo.

Desde que a Assembleia do Largo passou a se reunir no Largo do São Francisco, ou seja, na RUA, onde permanecemos, muitos ativistas independentes ou componentes de diversos coletivos passaram a colocar no espaço suas indagações e propostas. Dos intensos debates dos últimos meses, nasceu um espaço pedagógico de luta autogestionada dando um corpo a múltiplas pautas, atividades, ações diretas e a própria fan page no Facebook, que objetiva a criação de uma rede de informação e trocas sobre movimentos sociais.

Sendo assim, queremos ressaltar publicamente que, enquanto instrumento de construção coletiva da participação popular nas questões de nossa cidade e sociedade, a Assembleia do Largo respeita a organização e atuação dos coletivos, grupos, ocupas, assembleias, frentes e independentes que buscam e praticam a democracia direta e não hegemonizadora, ou seja, que querem o povo organizado e estruturado na luta por seus direitos de maneira liberta e autônoma.

Queremos uma DEMOCRACIA REAL, onde o poder emane do povo para o povo. Felicitamos nossos companheiros nessa difícil empreitada e ressaltamos que a Assembleia do Largo sempre estará aberta para quem desejar contribuir, assim como respeitamos a participação de nossos companheiros de luta nas demais organizações. Não vamos e nem desejamos oprimir a liberdade de pensamento e expressão dos nossos e nossas companheiras. A liberdade de cada um amplifica a de seus semelhantes.

A RUA NÃO TEM DONO.