Relatoria 18 de março de 2014

Relatoria Assembleia do Largo

Rio de Janeiro, 18 de março de 2014

 

INFORMES

 

–        Quarta feira, 19, haverá a volta da Assembleia Popular da Câmara

–        Segunda feira, dia 17, alguns membros da AL foram à Assembleia do Méier.

–        A Rádio Pulga conseguiu retomar o espaço da antiga sala, irão ocupar durante a noite apesar de estarem sendo ameaçados. Foram acusados inclusive de roubo de um computador, porém havia sido feito um inventário do que havia na sala antes da ocupação para se preservarem.

–        Haverá o evento Ocupa Dops dia 21 e 22 de março. Ocupação Cultural

–        Haverá uma reunião com grupo da luta antimanicomial na quarta, é preciso definir quem irá para conversar sobre ato aula.

–        Dia 19 data da paralisação dos professores federais

–        Na Rural alunos estão se manifestando contra a greve dos professores

–        Está havendo uma guerra do tráfico na Vila Kenedy depois da instalação da UPP. Moradores organizam ato neste sábado 10:00h , com fechamento da Av. Brasil para chamar atenção para esta grave situação que não está sendo divulgada e a população não tem conhecimento. Acorda VK. Foi dito que há que se ter cuidado para este tipo de ato não ser criminalizado como se fosse financiado por traficantes para pedir o fim da UPP

–        Ha informações de que o comando vermelho pretende realizar ataques na cidade do Rio de Janeiro esta semana  revidando a implantação de UPPS

–        Foi autorizado o aumento da tarifa de trens e metrô apesar de o Governador ter anunciado no início do ano que não haveria aumento.

–        Na copa as forças nacionais de segurança estarão de prontidão para agir

–        Foi suspensa a votação da lei antiterrorismo

–        Examinando a lei antiterrorismo se chega à percepção de que não há uma definição clara de terrorismo.

–        Precisamos de um jurista para nos ajudar a entender como esta lei pode nos prejudicar e entender o que se  pretende com esta lei

–        Quarta feira, dia 19, haverá um ciclo de debate na Puc-Rio sobre 50 anos do Golpe Militar. De 11 às 18 horas.

–        Existem diversos mandatos para busca e apreensão de manifestantes durante o período da Copa.

–        Foi sugerido reativar o GT de diversidade de táticas.

–        Alguns membros da AL estiveram presentes na assembleia do Alemão e trouxeram informes de que houve muita participação da comunidade que pretende se dividir em grupos de estudo. Há vários movimentos dentro da comunidade. É muito importante para a luta deles a nossa participação e apoio. Fizeram um manifesto e precisamos decidir se vamos assinar.

–        Convite para evento Educação Libertária, às segunda-feiras na Cinelandia. (Aulas de arte, aulas públicas, novas formas de trabalho..)

–        Sexta feira Aldeia Maracanã começará um trabalho da universidade indígena na rua, na Cinelândia

–        Terça-feira atividade-aula de camisetas e móveis reciclados

–        Assembléia do largo foi dar apoio à Assembléia de Técnicos da UFRJ.  Esta greve não é uma questão política. Formou-se uma comissão de greve.

–        Domingo 9:00 Aldeia Comunidade Quilombola Alto Camorim Jacarepagua faz atividade cultural de resistência

 

 

INICIO DA ASSEMBLEIA

 

–        Precisamos retomar o diálogo com a Aldeia Maracanã e a pauta indígena

–        Houve a sugestão de trazer pessoas de fora com maior conhecimento para debater cada pauta. Chamar a Aldeia para fazer esse debate.

–        Vamos fazer o debate das pautas ou não?

–        Existe o interesse da assembleia em debater as pautas?

–        Poucas pessoas usaram a ferramenta virtual para fazer o debate

–        Questionamento se faz sentido aguardar especialistas para fazer o debate

–        Discussão sobre  este tema e encerramento da assembléia sem deliberar ou concluir o assunto.

Consulta popular sobre transporte urbano em POA

A Prefeitura de Porto Alegre decidiu encerrar a consulta popular sobre licitação de transporte público na cidade, após o debate terminar em confusão na noite dessa segunda-feira (10). Apesar do cancelamento da audiência pública a prefeitura deu como encerrada a fase de consulta popular. Com isso, a previsão é que o edital seja publicado até o fim do mês.

O procurador-geral do município, João Batista Linck Figueira confirmou a decisão.
“O município de Porto Alegre entende como cumprida essa questão prévia que é a questão da participação popular dentro desse processo licitatório. Foram 23 plenárias do Orçamento Participativo fartamente documentado. Houve a marcação de uma audiência pública que acabou sendo transferida para a data de hoje [segunda-feira ]. Ela efetivamente iniciou, ela ocorreu. Está no catálogo de presenças 617 pessoas que ingressaram. Então, toda a possibilidade de participação por parte do município e para atender o próprio espírito que está na lei, no Estatuto Licitatório, que é buscar essas contribuições da sociedade, nós entendemos que esse processo está encerrado”, repetiu o procurador-geral.

O edital prevê mudanças na frota, como o acréscimo de 70 veículos, a implementação de um sistema de GPS nos coletivos e a ampliação do itinerário em 80 linhas. Porém, com a justificativa de baratear o valor da passagem, a prefeitura retirou a obrigatoriedade de ar condicionado dos carros. Essa será a primeira vez que o transporte coletivo será licitado em Porto Alegre.

Essa foi a segunda tentativa de uma audiência aberta. Em 27 de fevereiro, a consulta teve início no plenário da Câmara de Vereadores, mas devido a um tumulto, foi transferida para um local maior, o Ginásio Tesourinha.

O Bloco de Lutas pelo Transporte Público de Porto Alegre –que deu início aos movimento contra o aumento de passagens, no primeiro semestre de 2013–, desde o início já conclamava seus seguidores a “barrar” a consulta através do facebook. “A audiência pública de transporte chamada pela prefeitura é uma farsa”.

O Bloco de Lutas publicou documento condenando a audiência para licitação das linhas de ônibus de Porto Alegre, onde o objetivo era legitimar a operação das atuais linhas da cidade, controladas hoje em dia por empresas sem licitação.

Porém houve discordância entre diferentes grupos com relação à atuação na consulta popular.

“O Juntos não esteve envolvido nesta confusão, tanto é que dá para ver pelas imagens que nós fomos a bancada que ficou mais ao fundo do ginásio, aguardando que o tumulto fosse solucionado para que nós pudéssemos fazer nossa intervenção política. Apesar de achar que a audiência não resolveria todos os problemas, era o jeito que se tinha para divulgar o transporte que queremos para Porto Alegre, mas infelizmente acabou do jeito que acabou. Nós gostaríamos de ter debatido. Vamos pensar de que maneiras se pode resolver essa situação, mas a prefeitura não pode fazer uso de uma ação isolada para dar o debate por encerrado. O modelo atual de transporte precisa ser desfeito. Vamos sair nas ruas defendendo o modelo de transporte que nós queremos, que é o transporte 100% público.”
Lucas Maróstica, líder do coletivo Juntos

 

“Está gravado pela imprensa, amplamente fotografado, que a confusão começou com pessoas que estavam ali na arquibancada, junto com o movimento. Na nossa opinião, não foi aberto um espaço de debate suficiente para os principais protagonistas da luta pelo transporte público no último período. Não havia um clima democrático para a realização da audiência. Muitos integrantes do movimento foram se inscrever para participar da discussão, mas desde o início houve um clima de coação diante da nossa participação. Na nossa opinião, para o setor do movimento social que já protocolou projetos no transporte público inclusive na Câmara de Vereadores, nosso espaço deveria ser muito maior.”
Matheus Gomes, militante do PSTU

Assembléia dos Ratos

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“Last Supper”, obra da artista plástica Jee Young Lee.

Uma adaptação da Fábula de Esopo, Fabulista grego do século VI a.C

“Era uma vez uma colônia de ratos, que viviam com medo de um gato chamado Bigodes e seu bando “Tudo Nosso”. Cansados de viver pelos cantos e serem pegos dias a pós dias e passarem por tamanhos problemas; ora era fome ora era a morte eminente pelo tributo de se aventurarem honestamente pelas migalhas que sustentavam a colônia, os ratos resolveram fazer uma assembleia para encontrar um jeito de acabar com aquele monstruoso transtorno. Muitos planos foram discutidos por semanas e abandonados, mesmo assim, continuavam a buscar soluções tais como estudos, cartas de paz, intervenções artísticas, ações diretas, notas de esclarecimentos, negociações… Os coletivos rateiros nada conseguiam de efetivo contra Bigodes Brancos e seu Bando, mesmo após a criação da assembleia. No fim de varias discussões acaloradas e com um tempo de reunião avançado, um jovem rato chamado Coragem levantou a pata e deu uma excelente ideia:

Vamos pendurar uma sineta no pescoço dos gatos e preferencialmente de Bigodes Brancos, já que ele é um dos mais ferozes e assim, sempre que ele ou eles estiverem  por perto ouviremos a sineta tocar e poderemos fugir correndo.

Todos os ratos bateram palmas, gritaram de alegria, ovacionaram Coragem; o problema estava resolvido.

Vendo aquilo pacientemente e pensativo, um velho rato chamado Resmungo, que tinha permanecido calado, resolveu solicitar a palavra em meio à festividade da novidade e usando de toda sua experiência de um passado de trevas na toca e repressão no qual acostumou-se a ver tantos levantes ratidícos e fracassados. Após um breve momento, Resmungo disse:

O plano é inteligente e confirmo muito bom! Finalmente uma ideia brilhante! Isto com certeza acabará com as nossas preocupações. Só falta uma coisa: quem vai pendurar a sineta no pescoço do gato?

Os demais participantes de pronto fizeram um silêncio fúnebre. Alguns responderam:

– Eu não! Vai que ele me pega…daí adeus a vida!

Outro, já tremendo:

– Tô fora!

Ainda outra voz gritou ao fundo:

Não contem comigo tenho família!

Um rato comprido fala:

Que vou ganhar com tamanho ato de coragem? Morrer de graça…sai dessa…

E assim, várias vozes saíram em meio tom e os ratos cabisbaixos desfizeram a assembleia…”

Moral da história: falar ou inventar é fácil, fazer é outa coisa…

 

As fábulas constituem um meio de comunicação em várias culturas e no Brasil não é diferente. São estórias/histórias que contêm concepções acerca da natureza, organização social, comportamento e seu funcionamento, fazendo-se por meio de animais humanizados, representando características humanizadas. Partindo-se deste pensar é que se faz valer este texto como fio condutor analítico da atual conjuntura brasileira e suas perspectivas desde as manifestações de junho de 2013, assim como o por quê de alguns desdobramentos convenientes ou não a quem possa interessar. Vejamos como tal pertinência se anuncia entre os devidos atores dessa estória/história e seus equivalentes humanos.

Quem seria o nosso Bigodes Branco? O Governo. E seu bando? Os capitalistas (multinacionais, banqueiros, entre outros). E o rato Resmungo?  Seria aquele indivíduo que estando presente nos coletivos sempre tem uma ou mais palavras  sobre a realidade, porém prefere se acomodar, pois o que estaria sendo feito é o que  ele considera possível de ser feito. Sua palavra demonstra o comodismo por já estar dentro de tal situação, não que ele não queira a mudança, desde que não seja ele a colocar a sineta no gato e correr o risco de ser comido.

E a sineta? O povo que saiu às ruas em Junho e todos aqueles que ainda estão nas ruas, em coletivos, grupos e organismos auto organizados, lutando por uma nova forma de organização, estudos e esclarecimentos de base, interações e ações de conscientização politica, que atendam as reais necessidades da população. Essa sineta visiona tilintar uma nova forma de organização social em que todos possam ser ouvidos e ouvir, tenham a liberdade de sonar sua própria liberdade. E que suas propostas sejam em conjunto deliberadas e a clareza dos dispositivos governamentais sejam abertos e acessíveis a todos.

Quem seriam os demais ratos da assembleia? O povo que ainda persiste na luta dia após dia nas ruas, largos, praças, e onde os gatos ainda apenas vigiam, aguardando o momento do abocanhamento. Esses mesmos ratos tem deixado os espaços vazios aos poucos, rotineiramente, pelo simples medo de não saber exatamente como colocar o sino ou os sinos nos gatos. Esses mesmos ratos aguardam em suas tocas cabisbaixos e em falas de meio tom o dia da mudança.

E o rato Coragem com sua sineta na mão, por onde tem andado? Em cada um de nós? Ou talvez adormecido de um sono nunca desperto?!